
Brincavam no campo enquanto eu descansava à sombra da velha figueira. O sol brilhava em seus rostos e a tarde percorria seus corpos. Estavam felizes e é só o que importava. Já não se lembravam dos infortúnios, saltando sobre o prado de fogo. Tampouco eu me atrevia a interromper esse momento tão doce e comovente.
Já o sol queimava atrás do horizonte e elas não paravam de brincar como crianças que sempre foram. Desde o dia em que vieram a este mundo, surpreenderam-nos com sua beleza infantil. Eu, antes que qualquer outro, me apressei em oferecer-me como seu guardião. Tornei-me, com o tempo, muito mais que isso. Passávamos todo o tempo juntos e ninguém era capaz de nos separar.
Ainda me lembro quando, brincando de esconder, Soledad se perdeu no bosque e só pudemos encontrá-la quando já havia fugido o sol do campo. Ou quando, estando eu ferido da alma, Gisela me ofereceu seu ombro e recusou sair do meu lado até que estivesse curado. Meus ouvidos ainda escutam suas suaves e melancólicas vozezinhas, chamando-me a todo instante.
Aquele dia amanheceu menos amarelo que os demais. Entretanto, tudo parecia normal. Gisela e Soledad vieram me acordar. Queriam ir até o riacho que rega o prado e corre pelas sinistras pedras no outro lado do bosque. O vento agitava o sol no fundo do riacho e abria os sorrisos das minhas doces meninas. Mergulharam primeiro os pés, logo a água chagava às suas costas e, então, envolvia seus cabelos ardentes.
Por mais que minhas lágrimas corressem todo o mundo, o tempo jamais retrocederia. As havia perdido... para sempre. Minhas inocentes meninas, levadas pelo rio. Seus pequenos corpos se confundiram nas multidões das águas. Nada podia eu fazer frente à força arrebatadora do suave e sinistro rio. Contemplava-as nostálgico. Fechei meus olhos e já não era.
Ainda, embaixo da velha figueira, as vejo caminhar. Mas de longe... Choro todas as noites e passo os dias lamentando-me. Minha alma sangrará por toda a eternidade e, mesmo não sabendo elas, sempre estarei aqui.
Não sei o que dizer sobre as palavras que deram vida ao texto "Girassol". Só sei que senti saudade destas palavras. Um sentimento nostálgico tomou conta de mim, até o momento em que meus olhos percorreram seu texto. O que senti? Tudo. As palavras transformadas pelos sentimentos, o texto carregado de personalidade, de vida. Minha alma vaga, em busca do meu bem mais precioso, que fugiu de mim. Talvez esteja nas profundezas do mar como as meninas, talvez não. E, se o que existe é a incerteza, mesmo com a dor gigantesca, que insiste em morar em mim, persisto, em observar, em estar presente. Mesmo que a presença não seja sentida.
ResponderExcluirSaudades das palavras de um amigo. Saudade e orgulho das palavras que conseguem tocar o mais profundo do ser.
Naum sei como agradecer o apoio q vc me da.... eh realmente gratificante saber q minhas palavras agradam... agradeco mtissimo....
ResponderExcluirah! espero q tb encontre minha alma perdida no meio das letras... hehe....
Saudades!!!
Bjos...
Bela maneira de descrever e passar sentimentos...
ResponderExcluirMuito bom, gostei.