quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sede de Grandeza


O tempo não pára!

Somos em todo momento engolidos por essa enorme força que move o mundo. Somos arrastados do ontem, empurrados pelo hoje e lançados para o amanhã; e estamos sempre iludidos com o tempo.

Ao tempo alia-se a ansiedade do homem. Andamos sempre ansiosos com o que fazer. E até mesmo com o próprio tempo. A ansiedade nos faz querer ser maior que o tempo e, assim, controlá-lo. Até parece que ele é nosso inimigo. Ao contrário, o tempo está aqui (aí e em todo lugar) para nos ajudar. É ele a lembrança do que passou, que nos ajuda a compreender o que fazemos hoje e também a medir (até certo ponto) as conseqüências disso.

O homem moderno tem em si uma vontade (que não sei até que ponto é inata ou adquirida com as vivências) de querer ser maior que tudo. É uma vontade incontrolável e causa da ansiedade. E é essa ansiedade que causa a esse homem moderno a impressão da falta de tempo. Ilusão. O tempo não se esgota, o homem sim. O homem moderno, quando se esgota, se encontra no limite da razão. Ele não vê o que lhe causa esse esgotamento; só o que vê é que o amanhã está chegando, e com ele o fim (dele mesmo). O homem, então, ser perfeito que é, pensa que o tempo está se adiantando, esquecendo-se de seu senhor. Limita-se a olhar para trás e lamentar pelo que o tempo o fez deixar passar.

Carregando em si o peso daquilo que não foi feito, o homem moderno busca, no dia de hoje, fazer mais do que poderia ter feito ontem, para alcançar mais do que poderia ter alcançado para hoje. A própria vida se acha confusa por causa da ânsia do homem moderno. Tentando ajustar tudo, ela é posta, ao lado do tempo, como bode expiatório do fracasso humano. Também a Natureza é inferior ao homem moderno. Para a sua sobrevivência o homem moderno ignora a própria raça. Para ir além de sua perfeição é necessário que o homem moderno esteja acima do tempo, da vida e da natureza.

Conseqüência da insanidade do homem é o sistema. O sistema o ajudaria a chegar à suma perfeição. A criatura se tornou maior que o criador. O feitiço virou contra o feiticeiro. O homem moderno é dominado pelo sistema. Ele lhe impõe metas e prazos; tudo para chegar à própria perfeição, à infalibilidade. O homem moderno é agora insignificante. É o combustível do sistema.

Vivendo no e para o sistema, o homem moderno acha-se mais sobrecarregado. A aflição o domina e o stress o circunda. O homem moderno rapidamente se esgota. Precisa estar longe do sistema. Mas ele é preso. O sistema lhe suga toda a alma. Pobre e ingênuo homem moderno! Sofre as conseqüências de sua loucura.

Aprenda que, com a vida não se brinca. Respeite a natureza. Não tente ser maior que o tempo. Entenda que, ser perfeito nem sempre significa ser maior. Ao seu lado agora, se faz necessário o ócio. Somente o ócio pode lhe tirar desse afogamento. Mas não se perca nele. Trabalhar é preciso. Infelizmente, ao ócio se alia a tolice. O homem moderno é o ser mais tolo da face da Terra. Ociosidade e tolice agora são características necessárias ao homem.

Um comentário:

  1. Tempo!
    Quanto tempo tenho?
    Quanto já passou?
    Ele pode ser nosso inimigo ou alido.
    Isso depende de como o vemos.
    Perfeição não existe, é apenas algo inatingível....
    Gosto quando você escreve.
    Sempre vou passar por aqui.

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