sexta-feira, 2 de abril de 2010

Silêncio, pensamento...


Não penso em nada. Deveria estar pensando em algo? Não. Ou, talvez. Confesso, não penso no que deveria. Mas no que deveria estar pensando? A manhã está bem agradável. Não quero que meu dia seja ruim por causa de um mau pensamento (com 'u' ou com 'l'? Não importa, pensar não me faz bem agora...).

Mas é inevitável não pensar. Mas penso com imagens, que são menos dolorosas. Sim, porque as imagens são mais fáceis de se definir que as palavras. Às vezes gasto um bom tempo pensando em um discurso que se faria em menos de 1 minuto. Quando penso com imagens, todo um mês não gasta 30 segundos para percorrer minha mente. Há também o fato de que as imagens não necessariamente são cronológicas. As palavras, essas coitadas, não podem significar fora de um contexto.

Mas tanto imagens quanto palavras são efêmeras. Nada vai importar amanhã. Já serei outro. As imagens serão outras. As palavras, vis sedutoras, longe estarão do dia de hoje. Meu pensamento se esparzirá. Cinzas ao vento.

Mas não me angustio. Um pouco. Me restará a impressão de uma fantasia. Um leve som da música que ouço. Um vago rabisco da cena que vejo. Um fugaz odor do cheiro da manhã indecifrável. Uma falsa sensação do frio na minha pele. A idéia de que tudo foi agradável.

E assim sou. Contente. Contentado. Não quero ser imortal, adicto que sou à chama. Pouco me importa se sou infinito; mais me valeria se soubesse amar. Ser um sonho não é muito. Mas muito me exige. E não, não quero pensar. Não sou o que queria ser. Não penso no que deveria pensar.

E melhor assim. O silêncio. A vaguidade de uma alma. A esperança. A saudade. Não o hoje. Mas o instante. E o vento sopra. E tudo se esvai. Se esvazia. Para ser completado novamente. Na morbidez do viver. Não se deve pensar a vida. Se é completo ao viver e isso deve bastar.

3 comentários:

  1. Este texto deve ser saboreado. Talvez, o leitor pense em imagens para cada frase lida, se questione sobre o significado de tais palavras.
    No fim, se contenta com o duvidoso prazer do viver.

    oo/

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  2. Muito obrigado pelo belo comentário... Fico, sinceramente, lisonjeado em ter você como leitora do meu blog...

    Espero que a gente um dia se encontre por aí pra jogar conversa fora... Sinto falta da nossa prosa de ônibus... rsrs...

    Um abração pra você.

    Sucesso!!

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  3. Jairo,en una de las cosas que estudiamos, lo personaje Nazarín Habla " Que tiene "pena" de nosotros pues nos angustiamos con a mañama, vivimos a cerca de periodicos, libros y cosas", acredito que sea el malo de seculo para los jovenes como yo que nunca "aruman" tiempo para cosas tan belas como la literatura y no permiti solamente vivi, sin piensar en varias cosas...muy bien con tus escritos

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