sábado, 30 de outubro de 2010

Seu Beijo

Ausência de palavras, escassez de ideias, aquela avalanche de sentimentos infantis que tomam conta do meu corpo. Em um segundo tenho o mundo inteiro dentro de mim. Sinto-me completo e fragmentado, inteiramente despedaçado. O fogo sobe pelas pernas, congelando qualquer intenção de movimento. O que não desejo é me mover. Deixo que as palavras vaguem pelo pensamento, que as ideias se choquem na mente. O tempo não passa e, logo, a noite a abrigar nossos anseios e hesitações. Caminhamos pela madrugada, sob as estrelas, contando segredos à Lua. Mas é inevitável que chegue a aurora. Tudo foge. O instante se torna efêmero e sem sentido. Lua. Estrelas. Ideias. Palavras. Tudo se rende à imperiosa manhã. Ficamos presos à monotonia do nada. A claridade oculta nossos sonhos obscuros. Mas, no olhar, no sorriso, no silêncio, tudo se refaz: a não-palavra, a não-ideia, o abrigo, a guardiã.

Um comentário:

  1. Jairo, eu me surpreendo a cada palavra. Seu texto provoca várias sensações. É êxtase, dualidade, palavra, é vida.

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